É
preciso vez e voz
Médicos, doutores, advogados,
professores. Independente da profissão abraçada pelas pessoas, todas elas
precisam de um profissional competente, o professor. Nenhuma nação terá bases
sólidas se não prestigiar o campo da docência. Mas como explicar , então, essa
perda de prestígio, essa fragilidade que se apoderou, que adoeceu, que
acovardou os professores? Por que a sociedade acredita que eles não precisam de
grande formação, que são medíocres?
Essa chaga começou a se delinear quando
profissionais de áreas distintas, que nada têm a ver com a Educação, se acharam
no direito de analisar as questões educacionais sem terem conhecimento de
causa, desconhecendo a realidade dos fatos. O que é mais intrigante ainda é que
um profissional formado na área de docência, uma área específica como a Língua
Portuguesa, não pode atuar em um tribunal para defender um acusado perante a
lei, mas um advogado que se bacharelou na
área do Direito pode assumir uma sala de aula, ministrar conteúdos específicos
e assinar os diários como se fosse algo trivial.
Quando ocorrem debates sobre
a Educação, alguns pedagogos de escrivaninha e pseudo-psicólogos , que têm
formação mas não tem experiência, apegam-se às teorias de Piaget e começam a
idealizar o sistema perfeito, sem máculas. Isso é bonito nos enredos de Hollywood, em que um professor assume uma
sala de aula problemática e consegue reverter a situação como se fosse algo banal, fácil. Esses tipos de enredo afirmam,
nas entrelinhas, que falta competência às instituições e aos professores. Essa
é a verdadeira hipocrisia social. Os docentes nunca são chamados para falar
sobre seus anseios, seus sucessos e seus fracassos.
O problema da educação no
Brasil e quiçá em partes do mundo só vai começar a se resolver quando os
PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO tiverem vez e voz. Ninguém melhor que eles, que vivem
no cotidiano da sala de aula, o paradoxo de ser conselheiro, psicólogo,
professor, educador, engenheiro intelectual e sonhador. Só quem experimenta a
realidade, pode falar com propriedade sobre o assunto.
Fernando Augusto D’Ávila (PROFESSOR)
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