sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012




                               É preciso vez e voz



     Médicos, doutores, advogados, professores. Independente da profissão abraçada pelas pessoas, todas elas precisam de um profissional competente, o professor. Nenhuma nação terá bases sólidas se não prestigiar o campo da docência. Mas como explicar , então, essa perda de prestígio, essa fragilidade que se apoderou, que adoeceu, que acovardou os professores? Por que a sociedade acredita que eles não precisam de grande formação, que são medíocres?



       Essa chaga começou a se delinear quando profissionais de áreas distintas, que nada têm a ver com a Educação, se acharam no direito de analisar as questões educacionais sem terem conhecimento de causa, desconhecendo a realidade dos fatos. O que é mais intrigante ainda é que um profissional formado na área de docência, uma área específica como a Língua Portuguesa, não pode atuar em um tribunal para defender um acusado perante a lei, mas um advogado que se bacharelou  na área do Direito pode assumir uma sala de aula, ministrar conteúdos específicos e assinar os diários como se fosse algo trivial.



        Quando ocorrem debates sobre a Educação, alguns pedagogos de escrivaninha e pseudo-psicólogos , que têm formação mas não tem experiência, apegam-se às teorias de Piaget e começam a idealizar o sistema perfeito, sem máculas. Isso é bonito nos enredos  de Hollywood, em que um professor assume uma sala de aula problemática e consegue reverter a situação como se fosse algo  banal, fácil. Esses tipos de enredo afirmam, nas entrelinhas, que falta competência às instituições e aos professores. Essa é a verdadeira hipocrisia social. Os docentes nunca são chamados para falar sobre seus anseios, seus sucessos e seus fracassos.



         O problema da educação no Brasil e quiçá em partes do mundo só vai começar a se resolver quando os PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO tiverem vez e voz. Ninguém melhor que eles, que vivem no cotidiano da sala de aula, o paradoxo de ser conselheiro, psicólogo, professor, educador, engenheiro intelectual e sonhador. Só quem experimenta a realidade, pode falar com propriedade sobre o assunto.





                                                  Fernando Augusto D’Ávila (PROFESSOR)

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