COISA DE MULHER / CRÔNICA
Outro dia entre
um semáforo e outro, para não me estressar, comecei a olhar as pessoas que
passavam pelas calçadas, transeuntes apressados, driblando os semáfo-
foros, estudantes naquela alegria barulhenta. Cenário de
capital. Muita gente, pouco espaço e muita, mas muita pressa em chegar a casa.
Em meio a
tantas personagens, uma em especial me chamou a atenção. Perto de meu carro
passou uma mulher com uma bolsa tão grande, que mais parecia a arca perdida tão
procurada pelos paleontólogos. Comecei a observar. Todas as mulheres, sem
exceção, usavam bolsas. Pequenas, médias, grandes, de couro, de corino, de napa, de crochê, de plástico,
da Victor Hugo, Louis Vitton, marcas oficiais e genéricas, pouco importa, o
importante é ter uma bolsa.
Jamais se
saberá ao certo (nem mesmo a dona da bolsa o saberá) o que carregam naquele
embornal. Estojo de maquiagem, dinheiro (pouco provável), celular, molho de
chaves, agenda, escova, máquina de chapinha, secador, patuá, dente de alho,
ramo de arruda, oração do santo protetor entre outros. Peso desnecessário? Não
se pode afirmar isso. O fato é que uma mulher sem bolsa é apenas MEIO mulher. A
bolsa é 70% da feminilidade, é a auto-estima a tiracolo. É uma arma em
constante prontidão a ameaçar. É como se dissesse “não se aproxime, que te dou
uma bolsada”. Quanto maior, quanto mais elegante, maior a sensação de poder
aquisitivo.
Em algumas
situações as bolsas parecem ter vida própria. São imponentes, arrogantes. São
as bolsas ricas, que combinam com a cor do cinto e dos sapatos. Às vezes,
algumas bolsas são tão enjoadas, que ao invés de serem um mero acessório,
transformam as suas donas em acessórios. É quase possível dizer: “ Olhem, lá
vai uma bolsa madame com sua dona chique.” E as empresas lucram com isso. Mas
quem se importa? Mulher sem bolsa é uma rainha sem coroa, é rainha de bateria
sem bateria. Mulher sem bolsa representa um estripetease da alma. É um RG sem
foto. Só existe uma raça que que goste mais de bolsa que mulher, os
assaltantes. Mas isso é outra história. Mas que elas ficam muito charmosas,
femininas e fatais, isso ninguém pode negar. Viva as mulheres e suas bolsas
caras, baratas, pequenas, grandes, de couro, de crochê, napa, plástico ............
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