segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

É preciso voar acima dos problemas





Sobre as águias aprendi que elas vivem até os 70 anos, mas que aos 50 já saem de cena. O bico fica endurecido, as unhas perdem sua função de garras e as penas envelhecidas dificultam nos voos rasantes. Então, retiradas no cume das mais altas montanhas, começam um ritual de autoflagelação.
Destroem o bico envelhecido para que possa nascer um novo e assim sucessivamente. Após essa parada no pit stop da vida, voltam à ativa até perderem a partida contra o tempo, que é o senhor absoluto de todas as coisas.
Quando minha amiga relatou-me esse fato, pensei que o ser humano muito poderia aprender com a natureza. Mas como o homem pode refugiar-se dentro de si mesmo? Poderia esconder-se nos labirintos de suas fraquezas, medos e ansiedades? A incerteza é um grande cânion dentro de cada ser, seus paredões amedrontam. Por vezes é possível enxergar além do abismo das dificuldades. Uma tênue luz de esperança parece nos acenar com seus dedos brancos, finos e frágeis. É um alento. Mas logo escurece. E os olhos ameaçadores das dúvidas nos apalpam, frios e rijos.
Quisera ser como a águia, voar acima das nuvens, ter uma visão panorâmica da situação e refugiar-me nas montanhas sólidas da certeza. Mas o máximo que consigo é escalar a floresta de desculpas que plantei dentro de mim. São árvores que cresceram no decorrer de minha curta existência, que foram regadas dia a dia e fortaleceram-se. Seus caules ficaram grossos, resistentes e perdi-me em suas copas frondosas e agora quase morro de frio em suas sombras opulentas.
Preciso encontrar o mapa com todas as saídas possíveis e imagináveis. Mas, antes de voar, é necessário desmatar para enxergar o céu, acreditar e ser feliz.


Fernando Davila


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